A medicalização da vida (ou biomedicalização) é um fenômeno cada vez mais evidente nas sociedades pautadas pela racionalidade neoliberal e colonial. Pode-se defini-la como um processo que visa à transformação de problemáticas sociais de diversas ordens – culturais, políticas, pedagógicas etc. – em questões biomédicas. Assim, concebe-se, aqui, a biomedicalização como dispositivo, cujo objetivo é a condução da população a fim da potencialização de um modo de vida específico – o qual, na contemporaneidade, tem direta influência do neoliberalismo. Um dos alvos privilegiados do dispositivo da biomedicalização na governamentalidade neoliberal é a atenção, que, nesse contexto, é percebida a partir de noções neurocientíficas – portanto, biologizantes e individualizantes. Nesse sentido, o diagnóstico de TDAH é utilizado como uma tecnologia de poder para adequar e docilizar sujeitos que se relacionam com a atenção de forma desviante em relação à norma. Pretende-se, neste trabalho, analisar de que forma se têm produzido, no meio acadêmico brasileiro, compreensões sobre o TDAH e o processo de biomedicalização em educação. Para isso, serão analisados artigos que abordem a temática em dez dossiês sobre biomedicalização em educação publicados entre 2014 e 2024 no Brasil, período que compreende o início da publicação de dossiês sobre a temática, em periódicos brasileiros, até o presente momento. Como pano de fundo teórico, para além das categorias de biomedicalização, governamentalidade neoliberal e dispositivo biopolítico, utilizar-se-á, também, o conceito de ecologia da atenção em suas intersecções com a biomedicalização em educação.
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